segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Liberdade pratica-se

Gostava de saber escrever. Bem, claro. Ter a arte de dizer muito em poucas palavras, de fazer-me entender sem dificuldade e não deixando dúvidas. Quantas vezes se torna difícil encontrar a palavra com o peso certo. Muitas vezes tenho esta frustração de sentir que não conto as histórias como devia. Muitas vezes parece que só fica um mar de espuma. Talvez por tudo o que disse sinta um doce prazer quanto encontro um texto assim como o de Manuel António Pina e que ainda por cima fala dessa minha grande amiga: a Liberdade. Trata-a de uma forma que eu seria incapaz. Por isso o reproduzo. E porque às vezes apetece-me esfregá-lo na cara de alguns “cobardes de sucesso”.

A Coragem da Liberdade

Para se ser livre é preciso coragem, muita coragem. E, desde logo, coragem para uma escolha fundamental, a do respeito por si mesmo. Porque é bem mais fácil sobreviver acobardando-se do que escolher viver livremente. Os locais de trabalho, a vida política, a mera existência social, estão (basta olhar em volta) cheios de cobardes de sucesso. O jornalismo não é, e porque haveria de ser?, excepção, pois a pusilanimidade e a cumplicidade dão menos incómodos e rendem mais que a dignidade. Mas, enquanto na vida política e social, o preço da liberdade é a solidão (as águias, como Nietzsche escreve, voam solitárias; os corvos andam e grasnam em bandos), no jornalismo o preço é às vezes a própria vida. Anna Politkovskaya escolheu a liberdade e pagou com a vida. Mas a Rússia é um lugar longínquo e entre nós não se dão tiros na nuca a jornalistas, na pior das hipóteses despedem-se. É, por isso, fácil chorar por Anna Politovskaya, basta só um pouco de falta de pudor. Assim, os jornais portugueses encheram-se nos últimos dias de grasnidos e lágrimas de crocodilo vertidas por gente que, na sua própria vida profissional, escolhe o salário do medo. Alguns conhece-os eu e, como no soneto de Arvers, hão-de ler-me e perguntar “De quem falará ele?”.

Manuel António Pina
in Jornal de Notícias, 10.10.2006

domingo, 11 de abril de 2010

Zona Verde vale a pena

Estreou esta semana. "Zona Verde", um filme com acção em Bagdad, logo após a invasão em Março de 2003. Muito melhor do que "Estado de Guerra" que ganhou uma série de Óscares. Para quem gosta de Médio Oriente é a não perder. Mas desconfio que quando chegar à noite dos Óscares não vai ser tão bem recebido como o foi "Estado de Guerra". Será que estou enganado? Depois de verem vão perceber que a chamada Academia não deve gostar muito da forma como o filme trata das tão faladas Armas de Destruição Maciça, que ainda estamos à espera.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Embaixador do Irão alerta para as lições que o pais já deu a quem o invadiu


Rassol Mohajer, Embaixador do Irão em Lisboa, reafirma que o país apenas pretende ter acesso a energia nuclear. Mas também diz que defende o desarmamento total em relação às armas nucleares. Sem excepção. É esse o mote (Energia nuclear para todos, armas nucleares para ninguém) da Conferência Internacional que vai ter lugar em Teerão, a 17 e 18 de Abril.
Quanto a eventuais ataques, o diplomata iraniano, lembra que o Irão já deu lições a quem o quis invadir (Iraque, na década de 80). O Embaixador lembra que o Irão mantém influência em muitas zonas do Médio Oriente (por exemplo, Afeganistão e Faixa de Gaza), mas diz que isso acontece devido à boa relação com o povo dessa região. Quanto a Israel (que o Irão não reconhece), a Paz parece impossível. Rasool Mohajer utiliza o argumento de sempre: Israel não respeita os povos da região. Entrevista efectuada a 31 de Março de 2010.