terça-feira, 11 de abril de 2017

Bernie Sanders e Jean-Luc Mélenchon


Aquando das primárias do Partido Democrata nos Estados Unidos da América, não faltou quem defendesse que uma vitória de Bernie Sanders traduzir-se-ia numa derrota frente a Donald Trump. A teoria assentava no pressuposto de que o eleitorado democrata mais à direita, perante um candidato “esquerdista”, deslocaria o voto para Trump. Até Noam Chomsky, um insuspeito académico de esquerda, alinhou nessa teoria. Ninguém sabe se, de facto, assim seria, mas todos sabemos o que aconteceu e quem é agora o inquilino da Casa Branca. Podemos até dizer que entre uma direita desbocada e com o freio nos dentes e uma outra direita mais envergonhada e com algumas boas maneiras, os norte-americanos preferiram a primeira.

Lembrei-me deste caso a propósito das eleições presidenciais francesas, onde as sondagens mostram quatro candidatos com possibilidades de passar à segunda volta. E a surpresa, qual é? Chama-se Jean-Luc Mélenchon, o único candidato de esquerda. Sim, o único, porque Benoit Hamon, por muito boas intenções que tenha, é o candidato daquela pseudo-esquerda a que já nos habituámos: bandeirinha de esquerda e decisões de direita (basta olhar para François Hollande). Aliás, ainda não se percebe porque é que, lá como cá, ainda não nasceu um “partido tangerina”. Entenda-se de cor laranja, mas com perfume mais requintado. A rosas, por exemplo.

Dito isto, e não se sabendo quem da direita vai passar à segunda volta (até pode ser entre dois candidatos de direita – mas admitamos que passam Le Pen e Mélenchon), já começa a surgir uma teoria decalcada daquela que ajudou a afastar Bernie Sanders da disputa da Casa Branca: Mélenchon não terá qualquer possibilidade na segunda volta perante Marine Le Pen, a candidata da Frente Nacional. Isto é, considera quem assim pensa que entre um candidato de esquerda e uma candidata de direita, a maioria do eleitorado francês vai, por receio do "esquerdismo", dar o voto à direita. O efeito desta teoria pode, claramente, prejudicar Mélenchon nesta primeira volta e pode afastar da corrida o único candidato que, de facto, tem algo de substancialmente diferente para propor aos franceses (tal como Bernie Sanders tinha para os norte-americanos).

É certo que algumas sondagens dão Mélenchon a vencer Le Pen numa eventual segunda volta, mas agitar papões e condicionar o voto faz parte de qualquer campanha eleitoral. A ver vamos qual vai ser a primeira decisão dos franceses. Dia 23 de Abril, à noite, vamos ligar a televisão (ou a rádio) e esperar. A 7 de Maio saberemos quem é o próximo Presidente francês. Em Bruxelas há velinhas acesas para que a coisa não descambe.

Pinhal Novo, 11 de Abril de 2017

josé manuel rosendo

1 comentário:

  1. UM COMPLETO DESPREZO
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    O grande legado de Donald Trump foi as REACÇÕES aos seus discursos:
    -1- o pessoal com uma elevada taxa de natalidade (um exemplo: islâmicos, etc) é altamente amigo... pois, desde que... não seja posta em causa a sua condição de «Donos Disto Tudo».
    -2- os «donos disto tudo» (juntamente com as marionetas ao serviço da alta finança - capital global) têm um COMPLETO DESPREZO pelos povos nativos (na América do Norte, na América do Sul, na Austrália) que procuraram sobreviver pacatamente; e que, como eram economicamente pouco rentáveis, levaram com um holocausto massivo em cima... porque tiveram o «desplante» de querer ter o SEU espaço no planeta e de querer prosperar ao seu ritmo.
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    Anexo:
    DEMOGRAFIA E SEPARATISMO-50-50: Todos Diferentes, Todos Iguais... ou seja, todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» inclusive as de rendimento demográfico mais baixo, inclusive as economicamente menos rentáveis.
    -» Os 'globalization-lovers', UE-lovers e afins, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
    ---» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/.
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    P.S.
    É necessário um activismo global
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    Democracia sim; todavia, a minoria de autóctones que se interessa pela sobrevivência da sua Identidade... tem de dizer NÃO ao nazismo-democrático, leia-se: é preciso dizer não àqueles que pretendem democraticamente determinar o Direito (ou não) à Sobrevivência de outros; isto é, é preciso dizer não àqueles que evocam pretextos para negar o Direito à Sobrevivência de outros.
    [nota: nazismo não é o ser 'alto e louro', bla bla bla,... mas sim a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros!]
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    -» Imagine-se manifestações (pró-Direito à Sobrevivência) na Europa, na América do Norte (Índios nativos), na América do Sul (Índios da Amazónia), na Ásia (Tibetanos), na Austrália (Aborígenes), ETC... manifestações essas envolvendo, lado a lado, participantes dos diversos continentes do planeta... tais manifestações teriam um impacto global muito forte.

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