Sobre a alegada
morte de Abu Bakr al Baghdadi, líder do Estado Islâmico, a única certeza é a de
que há muitas dúvidas. Desde que a Rússia anunciou a morte de Abu Bakr que os
Estados Unidos recusam confirmar essa informação.
No Iraque, o porta-voz
militar norte-americano disse que não tinha informação para fazer essa
confirmação; mais recentemente, a 14 de Julho, foi o Secretário da Defesa, Jim
Mattis, a dizer que os Estados Unidos não possuíam informação que demonstrasse
a morte de Abu Bakr e que a atitude dos Estados Unidos será a de considerar que
al Baghdadi está vivo, até prova em contrário; a 17 de Julho, o porta-voz do Kremlin, disse que a
informação recebida é contraditória e está a ser investigada pelas agências
russas; esta sexta-feira, 21 de Julho,
Nicholas Rasmussen, director do Centro de Contra-Terrorismo dos Estados Unidos
corroborou as afirmações anteriores dizendo que não dispõe de qualquer
informação que possa confirmar a morte do líder do Estado Islâmico.
Para além do
anúncio inicial feito pelo Ministério da Defesa da Rússia (16 de Junho) de que
Abu Bakr tinha sido morto (a 28 de Maio) nos arredores de Raqqa (Síria), e
depois pelo Irão, o que mais credibilidade mereceu – por ser uma fonte
geralmente muito bem informada – foi o que teve origem no Observatório Sírio
dos Direitos Humanos (OSDH). Rami Abdul Rahman, director do OSDH disse que
tinha informação confirmada de um dos líderes do Estado Islâmico em Deir ez Zor
(Síria) e que activistas do OSDH também obtiveram a informação de fontes do
Estado Islâmico de que Abu Bakr al Baghdadi tinha sido morto e que terá sido na
região de Deir ez Zor que passou os últimos três meses.
Esta informação
sobre a região onde Abu Bakr terá passado os últimos meses coincide com a
informação dos serviços secretos dos curdos iraquianos que acreditam na
presença dos mais destacados líderes do Estado Islâmico na zona a sul de Raqqa,
ou seja, muito próximo da região de Deir ez Zor. Lahur Talabany, o chefe dos
serviços secretos dos curdos do Iraque (quase) não tem nenhuma dúvida de que
Abu Bakr al Baghdadi está vivo. A 17 de Julho, numa entrevista à agência
Reuters, disse ter a informação de que ele está vivo e “acredita a 99% que Al
Baghdadi está vivo”. Lahur Talabanay lembra que Abu Bakr al Baghdadi conseguiu
esconder-se durante largo tempo dos serviços secretos iraquianos (quando
liderava a Al Qaeda no Iraque), tem uma longa experiência e “sabe o que está a
fazer”.
A menos que a
Rússia tenha alguma prova credível de que Abu Bakr al Baghdadi morreu nesse
ataque aéreo de Maio, está instalada a dúvida sobre o que de facto terá
acontecido ao líder do Estado Islâmico. O bombardeamento do qual terá resultado
a morte de Al Baghdadi foi violentíssimo e, diz a Rússia, morreram umas largas dezenas
de combatentes e comandantes do Estado Islâmico. Pode dar-se o caso de Al
Baghdadi ter sido “pulverizado”, mas estamos apenas no campo das hipóteses. A
Rússia tem estado em silêncio, mas é bom lembrar que os Estados Unidos dizem
que mataram Bin Laden e nunca fizeram prova disso.
Pinhal Novo, 22
de Julho de 2017
josé manuel rosendo