Nota principal no dia em que Joseph Blatter se demitiu do cargo
de Presidente da FIFA: foi reeleito na sexta-feira passada com 133 votos contra
73 do seu adversário Ali Bin al Hussein. Podem dar as piruetas que quiserem mas
o certo é que a maioria dos votos nas eleições de sexta-feira foram para o
homem que era o vértice da pirâmide que foi/é casa de corrupção. É longa a
lista dos que são apontados a dedo em negócios obscuros de atribuição de
campeonatos e transferências de dinheiro. E essa questão, a dos que votaram em
Blatter depois de saberem que o escândalo já tinha saído à rua e que o rei ia
nu, não é uma questão menor e é a que deve preocupar os que gostam de ver a
bola rolar no relvado e entrar nas balizas. É sempre bom lembrar a fábula do
que vai roubar as uvas e dos que ficam à porta da quinta a assistir… Blatter é
tão culpado quanto os que insistiram em mante-lo na presidência da FIFA. Este
caso mostra como a democracia pode ser uma falácia: no caso do futebol os votos
são contados (comprados?) em função dos interesses de cada um, mesmo que isso
prejudique o futebol.
A demissão de Blatter surge no dia em que a Federbet,
organismo que vigia as apostas 'online', revelou que, dos cerca de 40 milhões
de euros apostados por jornada nas duas principais ligas portuguesas de
futebol, cinco milhões devem ser "apostas sujas", ou seja, com conhecimento
de resultados viciados. Mais: as apostas na I Liga portuguesa representam, em
média, por jornada, 30 milhões de euros, e na II Liga rondam os 10 milhões de
euros, estimando o organismo que a manipulação de resultados represente três e
dois milhões de euros, respectivamente, acrescentando que a II Liga portuguesa
é dos casos mais preocupantes na Europa e é um “campeonato doente”. A Federbet acrescenta
que muitas das apostas relativas a jogos suspeitos em Portugal são oriundas de
Nápoles e Reggio Calabra, uma cidade onde há uma sólida presença da organização
mafiosa “Ndrangheta”.
Com este futebol quem é que vai aos estádios? A pergunta se
calhar não é bem esta. Com este futebol quem é que não vai aos estádios? Eu! E logo
eu que um dia até senti alguma frustração por nunca ter tido um relvado a sério
onde pudesse mostrar os dotes do meu pé esquerdo… Entre escândalos, apenas tenho
pena de gostar de futebol porque é assim uma daquelas situações em que gostamos
de alguém que insiste em enganar-nos: não dá!
josé manuel rosendo
Pinhal Novo, 2 de Junho de 2015
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