Islamofobia, imigrantes, Direitos Humanos, Liberdade de Expressão, Corrupção, intervenção militar na Líbia, são alguns dos temas abordados nesta entrevista a Thorbjorn Jagland, Secretário-geral do Conselho da Europa.
quinta-feira, 31 de março de 2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
Reflexão sobre a situação na Líbia
O “Ocidente” deve intervir na Líbia? E se acontecerem situações semelhantes noutros países? Também deve intervir? Ou será que se está à espera que a situação seja de tal modo gritante que qualquer intervenção estará justificada?
Posso estar demasiado desconfiado com as atitudes do “Ocidente” em relação ao Médio Oriente e Norte de África (e todas as outras zonas onde há interesses estratégicos), mas o que me parece óbvio é que ainda não houve uma intervenção na Líbia porque os EUA, a NATO e a UE têm receio de criar um precedente. Isto é: se depois no Iémen, no Bahrein, eventualmente na Arábia Saudita ou em Marrocos e na Argélia, e… o maior receio, no Irão, os regimes responderem à revolta com a brutalidade que Mohamar Kadhafi está a responder? Sim, se houver uma resposta assim brutal a uma revolta, depois de o “Ocidente” ter uma intervenção na Líbia, o que faria o “Ocidente” nos outros países? Voltaria a intervir? E como? Com que meios? Esquecendo que grande parte do petróleo tem origem nestes países?
É certo que têm sido os próprios líbios a dizer que não querem uma intervenção do “Ocidente”. Inicialmente o Conselho Nacional Interino pediu ataques aéreos às posições de Kadhafi, mas acabou por recuar porque a questão estava a dividir os rebeldes líbios, ficando-se por pedir uma zona de exclusão aérea.
Há ainda outra questão a considerar: é aceitável possibilitar uma saída de Kadhafi do país, para um exílio onde possa não ser incomodado pela justiça internacional e podendo manter grande parte dos seus bens? Por mim sou tentado a dizer que não, mas se esse for o preço a pagar para parar o banho de sangue, terei que aceitar qualquer resposta que os rebeldes líbios entendam dar a esta questão.
Olhando para a situação no terreno, ela parece-me muito clara: de um lado as forças leais a Kadhafi, bem armadas, treinadas, com mercenários e com armamento pesado e muito superior, com força aérea e com logística para fazer avançar tropas em grande número; do outro lado milícias mal treinadas, sem disciplina de grupo, militares com armamento obsoleto, desorganização, inexistência de capacidade logística. Mais ou menos o retrato é este.
Resta dizer algo que pode ser determinante: Mohamar Kadhafi pode ter forças suficientemente poderosas para ganhar esta guerra, pode ir conquistando cidade atrás de cidade, mas não parece ter capacidade nem forças suficientes para manter a ocupação de cidades rebeldes porque as milícias podem não conseguir parar o avanço das forças de Kadhafi, mas têm certamente capacidade para manter uma guerrilha.
Depois do que foi feito com o Iraque, é difícil entender as hesitações em relação a Saddam Hussein. Ou talvez não, porque afinal Saddam tinha dizimado milhares de xiitas e curdos e o “Ocidente” ficou-se pelas sanções da ONU, permitindo que proliferasse o contrabando de petróleo.
Será que o “Ocidente” tem coragem para impor um bloqueio total à exportação de petróleo da Líbia enquanto Mohamar Kadhafi estiver no poder?
José Manuel Rosendo
Cairo, 13 de Março de 2011
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