Procuro nas agências de notícias, nos jornais, não há quase nada
sobre o encontro entre o Secretário de Estado norte-americano John Kerry e o
Ministro dos Negócios Estrangeiros russo Serguei Lavrov. Apenas gestão de expectativas com a inevitável especulação à mistura. Estes dois
homens têm encontro marcado em Genebra nesta sexta-feira e na véspera falaram
ao telefone. O que cada um deles leva na mala (e na manga) não se sabe.
O que se ficou a saber esta quinta-feira através do
Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Ash Carter, é que as milícias curdas
da Síria (Unidades de Protecção Popular) saíram da cidade de Manbij (que
conquistaram ao Estado Islâmico) e atravessaram o Rio Eufrates passando para a
margem oriental. Era o que a Turquia exigia e os Estados Unidos apoiaram. Ash
Carter revelou esta alteração no terreno depois de um encontro com o Ministro
da Defesa da Turquia, Fikri Isik.
Outro sinal a merecer muita atenção: o porta-aviões francês
Charles de Gaulle vai estar no Mediterrâneo oriental. Põe-se a caminho até
final de Setembro. A França envia também baterias de artilharia. Vai estar tudo
operacional no início do Outono. Obejctivo? Vão apoiar as forças iraquianas na
reconquista de Mossoul. As palavras são do porta-voz das Forças Armadas
francesas. Esta revelação das movimentações militares francesas acontece no dia
do encontro do Presidente francês, François Hollande, com o Presidente do
Governo regional do Curdistão (iraquiano), Massoud Barzani. O mesmo Barzani que
a 23 de Agosto esteve reunido com o presidente turco, encontro onde terá sido
feito um acordo contra outros curdos (PKK e curdos sírios).
Voltando a Kerry e Lavrov, parece pacífico que a política
russa em relação à Síria – concordemos ou não – tem sido muito mais explícita
do que a dos Estados Unidos, sobretudo se atendermos à forma como os
norte-americanos têm lidado com a questão curda. Não seria a primeira vez que
os Estados Unidos voltariam as costas aos curdos. Mas também é bom lembrar que a
10 de Fevereiro os curdos da Síria abriram a primeira representação no
estrangeiro e foi em… Moscovo.
Já alguém escreveu que até parece que os curdos
nasceram para serem traídos. Não vai demorar para sabermos como vai ser desta
vez. O final do ano tem sido a referência de vários líderes para retirar Mossul
do controlo do Estado Islâmico e a Turquia já disse que lhe agrada uma operação
conjunta com os Estados Unidos para conquistar Raqqa, a maior cidade síria
dominada pelo estado Islâmico.
Vamos ver o que sai de Genebra esta sexta-feira.
Pinhal Novo, 9 de Setembro de 2016
josé manuel rosendo
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